BLOG DO DR. FREDERICO CHATEAUBRIAND

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Marcha do Parto em Casa mobilizou mais de 5 mil mulheres em todo o país

Mulheres em diversas cidades do Brasil realizaram no último fim de semana (16 e 17 de junho) uma marcha em defesa do direito da gestante escolher o local do parto. Batizada de Marcha do Parto em Casa, a iniciativa foi organizada após o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) publicar uma nota afirmando que denunciaria o médico-obstetra e professor da Unifesp, Jorge Kuhn, ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). Em 10 de junho, Kuhn apareceu em uma reportagem do programa Fantástico defendendo a realização do parto no domicílio da gestante, desde que ela esteja saudável e tenha uma gravidez de baixo risco.




A nota da Cremerj foi divulgada na segunda-feira (11). Nela, o órgão se posicionou contra a realização de partos domiciliares, sob a justificativa de que “são muitas as complicações possíveis durante um trabalho de parto” e que elas “demandam atendimento médico imediato, em local equipado e com uma equipe preparada para enfrentá-las”. O Conselho defende que o local adequado para o parto é a maternidade e afirma que o Conselho Federal de Medicina (CFM) acompanha seu posicionamento.



Segundo a obstetra Vera Lúcia Mota, vice-presidente do Cremerj, só é possível afirmar que um parto foi de baixo risco e não apresentou intercorrências 24 horas após o nascimento da criança. “Antes desse período, a mãe e o bebê podem ter problemas, como sangramento, por exemplo”, alerta Mota.



Diante da posição do Conselho, mulheres e entidades de diversos estados do país que defendem o parto em casa começaram a se articular para realizar a marcha em repúdio à decisão do Cremerj. Entre as reivindicações, além da defesa pelo direito à liberdade de escolha do local do parto, estão a melhoria das condições da assistência obstétrica e neonatal no país e a divulgação das altas taxas de cesarianas no Brasil. A Organização Mundial de Saúde recomenda que a taxa de cesáreas represente de 10 a 15% dos partos realizados no país, mas no Brasil essa porcentagem alcançou 52% em 2011.


  Mauro Vieira
Para Vera, esse tipo de movimento faz com que os governantes acreditem que o parto domiciliar seja a solução de todos os problemas e, por isso, desistam de investir em maternidades. Ela contou ainda que uma nova resolução vai punir médicos que se programarem para fazer partos domiciliares caso a gestante ou a criança apresentem algum tipo de problema.



Segundo Daphne Ratner, professora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília e presidente da ReHuNa (Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento), uma das entidades envolvidas na organização da marcha, ao condenar os partos domiciliares o Cremerj está ignorando as pesquisas mais recentes sobre o assunto. Uma delas, publicada em 2009 no International Journal of Obstetrics & Gynaecology, analisou 529.688 partos de baixo risco na Holanda (163 mil feitos no hospital e 321 mil em casa) e concluiu que o parto em casa não está associado à maior mortalidade infantil. “A mensagem da marcha é que nós, mulheres, podemos escolher como queremos o nosso parto. Afinal, o corpo, o filho e o parto são nossos.”



O Cremerj tem opinião oposta sobre os estudos científicos. “As pesquisas foram feitas na Holanda e, infelizmente, não podemos comparar a estrutura de saúde desse país com a do Brasil”, diz Mota. E você? O que acha dessa discussão? Deixe a sua opinião!

FONTE: REVISTA CRESCER

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